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Foto do escritorRoberto Maxwell

Uma megalópole sobre trilhos

Quesito essencial para a escolha de Tóquio como sede olímpica, o sistema ferroviário é a base da mobilidade na capital japonesa



Tirar os carros da rua é um dos grandes desafios de mobilidade para as metrópoles de todo o planeta. As cidades têm tentado de tudo – da construção de ciclovias à instituição de multas e rodízio de veículos. Mas a maneira mais eficaz de convencer os cidadãos a deixar seus carros em casa é oferecer transporte público de qualidade. Esse foi um dos argumentos que levou Tóquio a convencer o Comitê Olímpico Internacional de que deveria ser a sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020.


Enquanto o Rio de Janeiro prometeu a entrega de uma linha de metrô para facilitar os deslocamentos na cidade durante as competições, a capital japonesa se apresentou como uma sede "pronta", sem necessidade de grandes intervenções urbanas, com arenas próximas entre si e transporte público eficiente e acessível.


Trem da linha Musashino, que liga o oeste da capital japonesa à província vizinha de Chiba, no leste da Baía de Tóquio (imagem: Photo AC)


Uma questão histórica

Tóquio e outras grandes cidades do Japão levam a mobilidade muito a sério. A primeira ferrovia do país foi inaugurada em 1872 e ligava o centro da capital japonesa à Yokohama, principal cidade da província vizinha de Kanagawa. Desde então, foram construídos no país mais de 30 mil quilômetros de ferrovias. Não custa lembrar que o território japonês tem cerca de 378 mil quilômetros quadrados, área um pouco maior que a do estado do Mato Grosso do Sul.


O transporte de passageiros na Grande Tóquio compreende 121 linhas, operadas por 30 empresas diferentes, que atendiam a mais de 36 milhões de passageiros por dia, em tempos pré-pandemia. São quase 5 mil quilômetros de ferrovias operacionais. Em São Paulo, a metrópole brasileira mais bem servida de trens e metrôs, a malha ferroviária não chega nem a 600 quilômetros.


O sistema também surpreende pela complexidade. Várias linhas de trem e metrô são interconectadas. Com isso, você pode começar a viagem numa estação de trem operada por uma companhia e desembarcar numa parada de metrô, de responsabilidade de outra empresa. Sem fazer baldeação. É como se você pudesse embarcar na linha 4 do metrô do Rio, na Barra da Tijuca, e terminar sua viagem em Imbariê, uma estação de trem da SuperVia, localizada na periferia do município vizinho de Duque de Caxias.


Metrô da linha Fukutoshin, que conecta Shibuya (no centro-sul de Tóquio) à estação de Wakoshi, na província vizinha de Saitama (imagem: Photo AC)


Eficiência na adversidade

A imagem de trens lotados e guardas ferroviários empurrando passageiros porta adentro é apenas uma faceta desse sistema complexo. Mesmo com alguns gargalos, com linhas sobrecarregadas nos horários de pico, os trens e metrôs toquiotas são pontuais e confiáveis. Quando há atrasos, as companhias têm um sistema de comunicação muito rápido e mesmo serviços externos como o Google Maps costumam informar aos usuários sobre a situação. Sendo assim, nem dá para jogar a desculpa de que o trem atrasou para a chefia. Qualquer pessoa pode conferir facilmente as condições de circulação nas ferrovias.


Sem contar que mais carros na rua significa mais trânsito e, por consequência, maior tempo de locomoção. Além disso, circular de automóvel na capital pode ter um alto custo. Vagas de estacionamento são caras (apesar de comuns) e a circulação entre os bairros distantes é mais rápida e fácil pelas rodovias expressas, que são pedagiadas. Ou seja: com transporte público abundante, pontual, seguro e confiável, deixar o carro na garagem é a melhor opção.

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