O principal estádio dos Jogos de Tóquio é uma ode à tradição e à natureza
Estádio Olímpico de Tóquio (foto: Carlos Kato)
Adiados (e quase cancelados) por causa da pandemia, os Jogos Olímpicos de Tóquio ganharam o pontapé inicial com o início do revezamento da tocha em Fukushima, no último dia 24. Tudo indica que daqui a 100 dias, em 23 de julho, vai começar o maior evento esportivo do mundo, embora sem a presença de torcedores estrangeiros.
Tóquio vendeu a sua segunda Olimpíada de verão como um evento enxuto, apostando na capilaridade das linhas de metrô para oferecer deslocamentos rápidos entre os estádios, quase todos bem próximos uns dos outros. Além disso, o Comitê Olímpico prometeu gastos menores, com a reutilização de estruturas já existentes, algumas delas herdadas dos Jogos de 1964.
A principal arena desta edição é o Estádio Olímpico, onde serão realizadas a abertura e o encerramento das Olimpíadas e das Paralimpíadas. Com capacidade para 68 mil torcedores, o espaço foi projetado por Kengo Kuma, um dos mais importantes nomes da arquitetura no Japão e no mundo. O espaço foi construído no mesmo local onde ficava a principal instalação dos Jogos de 1964.
O novo estádio nasceu após o descarte do projeto da iraniana Zaha Hadid, que havia vencido um concurso internacional promovido pelo Comitê Olímpico japonês. A ideia descartada foi considerada cara e megalomaníaca, tendo recebido críticas de outros arquitetos e da população em geral. Um novo concurso foi aberto e Kengo Kuma levou a melhor, com um desenho que favorecia elementos naturais no uso da madeira para a decoração e no paisagismo que dialoga com o entorno arborizado da área, onde ficam o Jardim Externo do Santuário Meiji e outras instalações esportivas. Em entrevistas, Kuma contou que pensava o seu projeto como uma "árvore viva".
A fachada do estádio é composta por beirais dispostos em camadas e feitos com madeira trazida das 47 províncias do Japão. Sobre elas, o escritório Kengo Kuma escreveu:
A parte mais baixa de cada beiral é formada por claraboias de madeira, num esforço de representar, de forma contemporânea, a beleza da tradição arquitetônica japonesa de beirais.
Quarenta e sete mil árvores foram plantadas no perímetro externo da arena. O projeto também favorece a circulação de ar natural que será reforçada com 185 ventiladores e um sistema de resfriamento com vapor d'água. Os equipamentos são essenciais já que os Jogos serão realizados no verão japonês, época em que o calor e a umidade são fortes.
Mesmo com a pandemia, o Japão está realizando eventos esportivos com público reduzido e espera-se que o mesmo ocorra com os Jogos Olímpicos. Neste caso, ainda que em pequeno número, os torcedores poderão assistir a competições de atletismo e à final do futebol feminino no Estádio Olímpico, que está tinindo de novo.
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