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Um fim de semana em... Osaka

Em ritmo acelerado de preparação para a Expo 2025, a capital do oeste japonês é uma cidade única para quem visita o Japão



Conhecida por sua rica história, gastronomia irresistível e vida noturna agitada, Osaka mistura tradição e modernidade. Explore seus encantos, desde vistas panorâmicas até delícias culinárias locais e descubra que, em Osaka, cada momento é uma descoberta que reflete a alma pulsante desta metrópole fascinante.


SEXTA-FEIRA

Fim da tarde: vista do alto

Segunda maior aglomeração urbana do Japão com pouco menos de 19 milhões de habitantes, Osaka e sua região metropolitana são um mundo! Sua dimensão pode ser apreciada do topo da Sakishima Cosmo Tower, um observatório às margens da Baía de Osaka, num edifício de 252 metros de altura. Aqui, o sol se põe atrás do Monte Rokko, em Kobe, na província vizinha de Hyogo. Conforme cai o astro-rei, as águas da baía vão se iluminando em cores quentes que destacam o contorno das pequenas ilhas e se harmonizam com as luzes da cidade. Não tenha dúvidas que é com esse mesmo calor que a cidade abaixo recebe seus visitantes.


19 horas: kuidaore

Os osaquenses são conhecidos por apreciar boa comida… em grande quantidade. Uma expressão muito utilizada para definir a cidade é kuidaore, algo como ‘comer até cair’ ou ‘comer até quebrar’. Ela se refere ao fato dos locais não economizarem na hora das refeições, podendo comer até passar mal ou não ter mais dinheiro na carteira. Brincadeiras a parte, Osaka é mesmo um dos melhores lugares para comer bem num país já conhecido pela excelência na gastronomia. 


Há opções para todos os gostos e bolsos. No Tonkatsu Daiki, por exemplo, o prato de porco empanado japonês é o destaque. Aqui, para o temor dos brasileiros, a carne de altíssimo padrão é servida rosadinha e suculenta, com empanado crocante e acompanhada de bastante repolho cru para não irritar o estômago. Portanto, não se preocupe que a refeição aqui não derruba nem o porco, nem a banca. 


Tonkatsu Daiki, considerado um dos melhores do Japão (foto: Roberto Maxwell)

Quem quiser pegar mais leve no estómago pode reservar uma assento no Sushi Jou, considerado um dos melhores restaurantes do seu estilo na região de Kansai. A casa trabalha com menu no estilo omakase, ou seja, o serviço é feito com o que há de melhor na casa, à escolha do itamae, o chef de sushi. Com apenas 10 assentos de balcão e uma sala privativa para seis pessoas, o Jou não aceita clientes na porta, apenas com reserva antecipada e é uma boa opção de sushi com preços médios.


Se dinheiro não é problema, Osaka tem alguns dos mais premiados e prestigiados restaurantes de alta gastronomia do Japão. O mais conhecido deles é, provavelmente, o La Cime. Com sua cozinha de inspiração francesa, a casa tem duas estrelas Michelin e oferece um menu de pelo menos três horas com os melhores ingredientes de diferentes partes do Japão. Apesar de não ser dos mais baratos, o La Cime tem preços bem menores do que os cobrados por restaurantes do mesmo nível em Tóquio e outras grandes capitais mundiais.


22 horas: bar hopping

Osaka também é um paraíso para os amantes de coquetelaria. Elencado entre os melhores bares da Ásia em 2023, o Craftworks é a atual menina dos olhos da categoria na cidade. Capitaneada pelo mixologista Ryu Fujii  – ex-Bar K, uma instituição etílica da cidade – a casa é conhecida por suas versões originais de coqueteis clássicos e pelas tortas assadas na hora.


Já o Nayuta fica no quinto andar de um prédio escondido numa das áreas mais populares da cidade. A entrada é típica de bares speak easy e é uma pequena aventura encontrá-la. A casa não tem menu e é preciso escolhar uma base ou dar pistas para que o bartender crie um coquetel a gosto do cliente. 


O Hiramatsu, por sua vez, é especializado em whisky e, como se pode imaginar, tem uma carta extensa do destilado, com muita coisa nacional de difícil acesso. Além disso, o bar prepara com maestria coqueteis com frutas da estação e clássicos, que regam o menu recheado de pratos com carne. Agora, cuidado, todas as casas são conhecidas pelos amantes de coquetelaria e têm salões minúsculos, o que quer dizer que pode haver filas.


SÁBADO

10 horas: um pouco de história

Alegre e descontraída, Osaka nem parece que viveu diversos momentos trágicos ao  longo de sua história. Importante centro comerial do país, a cidade foi palco de momentos decisivos nos últimos séculos, com levantes e guerras sangrentas em que saiu derrotada. O Castelo de Osaka foi cenário de alguns desses acontecimentos. Finalizado no apagar das luzes do século 16, a fortaleza se tornou uma das mais poderosas do Japão. No entanto, seu idealizador, Toyotomi Hideyoshi, que se firmava como líder da nação quase unificada, faleceu deixando um vácuo de poder. A disputa passou a ser entre seu filho, Hideyori, e um de seus principais generais, Tokugawa Ieyasu, que já organizava sua liderança em Edo, a atual Tóquio. Arregimentando o apoio de outros líderes militares importantes e de Nene, a viúva mais poderosa de Hideyoshi, Ieyasu acabou derrotando Hideyori e deu fim ao clã do antigo chefe, levando o Castelo de Osaka para os seus domínios. 


Castelo de Osaka, reconstrução do palco de momentos decisivos na história japonesa (imagem: Photo AC)

Essa é só uma parte da história dessa importante fortificação, que acabou sendo quase que destruída completamente com o fim do xogunato, no século 19. A atual construção data dos anos 1930 e, apesar de ser idêntica por fora ao castelo original, foi repensada por dentro e transformada num museu.


Já o jardim se tornou um dos principais pontos para a realização do hanami, os encontros para a apreciação das flores de cerejeira, sempre regados a comidas e bebidinhas. No entorno, fica, ainda, um santuário dedicado a Toyotomi Hideyoshi e o fosso, importante elemento de segurança, hoje utilizado para passeios turísticos nos gozabune, que reproduzem os antigos barcos de luxo usados pelos líderes militares do Período Edo (1601-1868). Dele, a vista das enormes muralhas de pedra que protegiam o castelo era privilegiada.


1 da tarde: almoço lado B

Osaka é um paraíso do que os japoneses costumam chamar de b-kyu gourmet, o lado B da gastronomia local, formado por pratos de origem popular. O lámen é um deles. A cidade tem algumas casas de alta qualidade no quesito que valem à sua visita. O Naniwa Menjiro é uma delas. Acessar o espaço já é uma aventura em si mesmo. O restaurante fica dentro da estação de Namba da linha Kintetsu e, para chegar até lá, você precisa comprar um bilhete de entrada, que é vendido nas mesmas máquinas, mas é mais barato que os tíquetes de embarque nos trens. O especial da casa é o Ogonkai Ramen, com sopa à base de mariscos e frango.


Um pouco mais fácil é o acesso ao Mugi to Men Suke, entre as estações de Nakatsu e Nakazakicho, uma das áreas hype de Osaka. A sopa à base de frango e galinha d’angola é um espetáculo, com sabor delicado e profundo. A versão mais completa vem com três tipos de char siu, carnes marinadas e fatiadas, além de outras coberturas. O resultado é uma tigela rica em sabores servida num ambiente simples, mas bem elegante.


2 e meia da tarde: cult em Osaka

Não muito distante da estação de Umeda, uma das centrais de Osaka, fica um bairro que parece que parou no tempo. Ao contrário do entorno, em especial a zona das estações Umeda e Osaka e a vizinha região de Chayamachi, Nakazakicho ainda não sofreu a ação inclemente da gentrificação, graças aos esforços locais. Escolhido por artistas e ativistas como local de moradia e trabalho, o bairro é formado por pequenas construções, muitas delas de madeira, trazendo ao passeio por Nakazakicho e suas lojinhas e cafés um quê de viagem no tempo.


Um dos locais lendários da vizinhança é o Club Noon, que entrou para a história porque o seu proprietário foi preso em 2012 por violação de uma intrincada lei dos anos 1940 que impedia os bares de terem pistas de dança. O cara foi absolvido das acusações em 2014 e a movimentação que proprietários e artistas geraram na época acabou resultando na mudança na legislação. O Noon funciona como café no horário da tarde e, à noite, organiza festas temáticas, com foco em música alternativa. 



Nakazakicho, bairro alternativo de Osaka (imagem: Photo AC)

Outro local icônico do bairro é o Salon de Amanto, um café fundado pelo artista performático Jun Amanto em uma das antigas construções de madeira da região. Por sua função inicial, o espaço acabou congregando diversos artistas da cidade e virando a ponta de lança para um projeto de ocupação e restauração de outros imóveis velhos no bairro, transformando-os em outros cafés, teatro, cinemas e até uma loja mística. A administração dos espaços é feita por um coletivo, o que garante que eles continuem com a mesma função de agregar a comunidade.


5 e meia da tarde: momento tradição

Bunraku é um tipo de teatro de bonecos que data do século 8, mas ganhou a forma atual durante o Período Edo, entre os séculos 17 e 19. As performances impressionam pela leveza nos movimentos dos bonecos que são manipulados por três artistas. Um quarto faz as vozes de todos os personagens, independente de idade e gênero. O texto é escrito em forma de poema e conta histórias do passado, muitas delas com altas doses de romantismo platônico. As falas das personagens são recitadas com o som do shamisen – um instrumento de três cordas – ao fundo.


Considerada a cidade de origem desse estilo, Osaka é o lar do Teatro Nacional do Bunraku, localizado em um prédio de dois andares cujo projeto foi assinado pelo arquiteto Kisho Kurokawa, um dos fundadores do Movimento Metabolista e criador do Nakagin, o primeiro edifício em cápsulas do mundo.


O espetáculo regular dura cerca de três horas, mas é formado por diversas peças curtas e o espectador pode optar por assistir apenas uma delas, pagando por um ingresso mais em conta. A apresentação é em japonês, com algum material em inglês que ajuda na compreensão da peça.


7 da noite: luzes de neon

Não tem lugar que represente tão fortemente o espírito de Osaka quanto Dotonbori e seus arredores. O bairro é conhecido pelo canal que o corta e pelo agitado comércio de rua que se divide entre áreas cobertas – os shotengai – e zonas a céu aberto. Aqui, a ideia minimalista de Japão que a maioria dos turistas traz cai por terra. Tudo é superlativo, dos painéis de neon anunciando produtos na beira do canal até o siri articulado no alto da entrada de uma famosa rede de restaurantes. A zona também é conhecida pelas inúmeras barraquinhas em que se pode comer o takoyaki, um bolinho de massa líquida recheado com pedaços de polvo e feito com habilidade em uma chapa com diversas concavidades. 



Luzes de Neon en Dotonbori (imagem: Photo AC)

Dotonbori também tem seus segredinhos. Nos quarteirões entras ruas principais, existem vielas cheias de restaurantes e até um pequeno templo budista, o Hozenji. Aqui, uma estátua de Fudo Myo-o – uma divindade que remove os obstáculos – aparece coberta de musgo e atrai os fiéis que banham a imagem com a água de um poço antes de fazer suas orações. Bem próximo ao templo fica o Honke Otako, um restaurante bem rústico que serve o okonomiyaki, um prato originado em Tóquio, mas que foi adotado com fervor pelos osaquenses. Okonomi quer dizer ‘aquilo que você gosta’ e está associado ao fato de que esse prato no estilo panqueca pode ser “recheado” com qualquer ingrediente, normalmente aquilo que se tem na geladeira, como sobras de carnes ou frutos do mar. A massa de farinha de trigo e o repolho são os únicos ingredientes obrigatórios.


noite adentro

Osaka também é conhecida pela agitada vida noturna. Izakayas e karaokês são alguns dos progamas preferidos os locais, mas quem quiser algo mais parecido com a vida noturna nas grandes cidades europeias e americanas vai encontrar agitação e boa música em lugares como o clube Circus, com programação variada e DJs japoneses e estrangeiros nas pick ups. Focado em trance e techno, o Club Under é uma das maiores e mais bem equipadas discotecas de Osaka. O proprietário é um DJ respeitado na cena local e a programação tem elenco variado, mas dá destaque aos talentos japoneses. Se a ideia, porém, for uma pista mais intimista, o seu local pode ser o Upside Down, pequeno clube conhecido pela vibe amigável. A maioria dos frequentadores é cliente fiel e se conhece, mas o local não é de maneira nenhuma fechado a novos visitantes.


DOMINGO

11:30 merecido brunch

O café da manhã tardio – brunch, no inglês – ainda não é uma cultura muito difundida no Japão. Ainda assim, não faltam, em grandes cidades, lugares para ter um brunch no estilo ocidental. Em Osaka, o NorthShore Kitahama é um das opções. Localizado no Nakanoshima, um parque criado em uma ilha fluvial, o café tem uma bela vista e opções que vão de belos sanduíches a panquecas no estilo europeu coroadas com frutas da estação e caldas feitas na casa. O restaurante também oferece sucos e outras delícias reconfortantes para te deixar pronto para a volta para casa e com um gostinho de quero voltar à Osaka na boca.


Check-in: onde ficar

Como uma importante cidade de negócios, Osaka tem uma rede hoteleira diversificada e extensa, com preços menores do que os encontrados em cidades como Tóquio ou Kyoto. A estrela do momento na cidade é o W Osaka, hotel boutique com assinatura de um dos mais importantes arquitetos do país, Tadao Ando.


Entrada do W Osaka (imagem: divulgação)

Por fora, o prédio que o abria se ergue como um monólito negro proeminente na paisagem urbana. A exuberância vai além. Neons, luzes e uma profusão de cores adornam os corredores e espaços externos do W Osaka. Nos quartos, para além da vivacidade das cores, os objetos e decorações evocam uma estética pop art, transportando os hóspedes para uma experiência que parece saída diretamente de um videoclipe. Cada elemento não está ali por mero acaso. Eles refletem de forma vívida o espírito pulsante de Osaka, uma cidade vibrante e cheia de vida.


 

Este texto foi publicado originalmente no Guia JP.

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