Fora do buxixo turístico, confeitaria em Tóquio se destaca com doces em forma de arte
Taí um passeio que muita gente não imaginou fazer no Japão: um rolê só de pâtisserie. Muita gente quer — e com razão — aproveitar a estadia no Japão para comer coisas japonesas. Em termos de doces, aqui tem coisas “tradicionais” bem diferentes, sazonais e de alta qualidade que vale super a pena provar. O wagashi — a confeitaria japonesa — é novidade para a grande maioria dos brasileiros.
Mas a gente que mora aqui sabe que não é só de tradição que vive a gastronomia japonesa. Nesse quesito, o Japão olha para frente (e para fora), mesmo sem deixar para trás as raízes. Parte desse movimento é muito forte na confeitaria e, claro, que a pâtisserie ganha destaque, já que os franceses são referência mundo a fora.
É de lá que o L’Atelier a ma Façon traz todas as referências para construir sobremesas cheias de sabor e criatividade. Localizada em Kaminoge (lê-se “kami nô guê”), um bairro totalmente fora do circuito turístico, esta pequena confeitaria é uma gema numa megalópole cheia de boas surpresas no quesito pâtisserie. Usando ingredientes frescos e de alta qualidade, o L’Atelier aproveita a sazonalidade para oferecer parfaits deliciosos e de beleza incrível.
No verão, uma das frutas em destaque é o pêssego que vira matéria-prima numa obra de arte que mescla ingredientes e técnicas japonesas e francesas e é inspirada nas pinturas de Monet e nas paisagens da estação mais quente do ano. O resultado é uma explosão de verde e de sabores, numa sobremesa refrescante que passa sua mensagem pelos cinco sentidos.
Mais clássica, servida na taça, a sobremesa com tarte tatin chega à mesa numa cloche de vidro, com uma agradável fumaça que estimula os sentidos e prepara para o delicado defumado que a caracteriza. Um pouco doce pros padrões japoneses, as frutas caramelizadas entram num diálogo muito bem arranjado com o creme e o sorvete, criando um balanço agradável. O toque de whisky lembra que sobremesa também é coisa de gente grande.
Aliás, o espaço da confeitaria é um destaque à parte. Simples e com poucos lugares, tem um ar rústico de casinha do inteiror que faz um contraste interessante com as roupas quase góticas da equipe do local. Alto e esguio, com a pele claríssima em contraste com os cabelos e cílios negros, o chef Mori parece ter saído de uma Europa que não existe mais.
Com uma carreira que começou na cozinha do Hotel New Otani, um dos mais requintados — e clássicos — de Tóquio, Mori está no seu segundo empreendimento. Mas é aqui que ele parece fazer as coisas exatamente do seu jeito, como o próprio nome do espaço diz. A gente agradece.
SERVIÇO
L'Atelier à ma façon
confeitaria que mescla técnicas francesas e japonesas
Tokyo-to Setagaya-ku Kaminoge 1-26−14 [mapa]
horário de funcionamento: a partir das 10:15 (confira os dias de funcionamento no site)
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Este texto foi publicado anteriormente no site Direto do Japão.
Revisão: Barbara Dell (@paradigeriromundo)
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