![Conceito social da rede](https://static.wixstatic.com/media/496c3b27b21b42258436f5e1861ce01d.jpg/v1/fill/w_600,h_400,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/Conceito%20social%20da%20rede.jpg)
Afinal, tudo está nas redes?/imagem: Wix
CARTA DO EDITOR
Você já deve ter ouvido que, no Japão, o professor é o único profissional que não se curva diante do imperador. Trata-se de uma ideia linda, evidentemente – além de ser um alento imaginar que existe um lugar onde os educadores sejam tão respeitados. Só tem um detalhe: a anedota não é verdadeira, como tantas que circulam sobre o Japão.
Fotos, vídeos e memes da Terra do Sol Nascente são virais. Dos gatos fofinhos às aterradoras imagens de tsunami, quase tudo circula de forma imediata e gera reações igualmente rápidas. Sendo assim, parece que todo brasileiro que mora no Japão vira um produtor de conteúdo em potencial – mesmo os mais resistentes às redes sociais por vezes sucumbem ao desejo de compartilhar um grupo de pré-escolares passeando pelas ruas seguras do país.
Mas muita coisa acaba se perdendo na efemeridade da internet. Assim, informações falsas ou mal-apuradas circulam velozes e estereótipos são reforçados, sem contribuir para o entendimento da complexidade do país.
Tokyo Aijo surgiu entre a vontade irresistível de compartilhar vivências no Japão e a responsabilidade que temos – como jornalistas, guias de turismo, estudiosos, artistas etc. – de elaborar conteúdo e distribuí-lo com sustança. Em um período tão desafiador e incerto (embora venha se mostrando menos agressiva no Japão, a pandemia ainda é uma ameaça e não há previsão para a abertura das fronteiras ao turismo), valorizar o trabalho de profissionais ligados à área também nos orgulha.
Quantas pessoas trariam melhores dicas gastronômicas em Tóquio que o Carlos Fukuy, chef que vive há 20 anos no Japão e faz suas andanças de bicicleta, em busca de restaurantes baratos a estrelados Michelin? Quem faria um mergulho mais profundo em Golden Gai, o icônico reduto boêmio, que a Meg Yamagute, fotógrafa e guia turística cujos roteiros noturnos acumulam notas máximas em sites como o Trip Advisor? Ou, ainda, falaria do charme gaulês de Kagurazaka de forma tão encantadora como a produtora de conteúdo Piti Koshimura, que também viveu e estudou na França?
Para dar vida à Tokyo Aijo, pessoas como eles embarcaram na ideia de falar sobre Tóquio com o calor de quem vive na megalópole, sem se deixar levar pela superficialidade que impera nas redes sociais. Sou muito grato aos que colaboraram nesta primeira edição com textos, imagens e ilustrações. Compartilhamos uma mesma paixão
– aijo, em japonês – por Tóquio, e esperamos que você se apaixone pela cidade que nos adotou e, também, pela nossa revista.